Segundo a Teoria Social, as mudanças tecnológicas fazem parte do desenvolvimento social e histórico de uma sociedade. Por um lado, as novas tecnologias são moldadas pelos indivíduos de uma dada sociedade, por outro lado, a sociedade e os indivíduos que a compõem são igualmente moldados pelas novas tecnologias. Neste sentido, a par da televisão, a internet assume um papel de extrema importância na formação da identidade dos jovens, quer pelo tempo que estes lhe dedicam, quer pelo valor que que lhe é atribuído.
Tal como refere Erikson, o estado de moratória é um período de "time out", durante o qual os adolescentes podem vivenciar e experienciar diferentes identidades. Neste seguimento, a internet surge como o palco de eleição para estas vivências e experiências, principalmente pelo anonimato que possibilita, ao contrário do que acontece na vida offline.
A actividade online permite aos adolescentes o contacto com um número ilimitado de pessoas, personalidades, identidades, valores, opiniões, etc. Por este mesmo motivo, e como refere Susannah Stern, estar online pode proporcionar oportunidades de auto-reflexão e auto-realização. Segundo a perspectiva "Identity Politics" a internet proporciona também oportunidades significativas para explorar as diferentes facetas da sua identidade, permitindo o desempenho de diferentes papéis. Esta perspectiva afirma que a internet pode proporcionar a descoberta do verdadeiro "eu", visto que naquele espaço pode experienciar situações positivas e negativas que ajudam o jovem a formar a sua identidade.
A internet é um espaço de interacção social, onde os jovens têm mais oportunidades para serem ouvidos, para expressarem os seus pensamentos, os seus pontos de vista, as suas opiniões, sem existir o controlo do adulto. Segundo Dana Boyd, as novas tecnologias obrigaram os jovens a desenvolver novas competências sociais e de comunicação, assim como novas normas sociais que regulam as “relações digitais”.
Segundo Raymond Willliams, as novas tecnologias são a causa das mudanças sociais, as quais podem ser positivas ou negativas, mas pode igualmente assumir-se como a solução para os problemas sociais. A internet e todas as suas possibilidades podem de facto dar origem a usos e situações problemáticos (como é o caso da pedofilia ou pornografia infantil), mas creio que quanto maior for o nível de literacia digital dos jovens que exploram a internet, os riscos associados ao uso da internet serão menores. É necessário capacitar os jovens para avaliarem a informação online, a que procuram e a que disponibilizam, devem reflectir igualmente sobre quem produz essa informação, porquê foi produzida e para quem. Hoje em dia, a internet poderá ser considerada a maior fonte de influência dos jovens, por isso, devem aprender a avaliar os novos campos e grupos de interacção e comunicação em que se inserem, e aprender a tomar decisões e a fazer escolhas, assim como o fazem na sua vida offline.
(Publicado a 8 de Maio de 2011)
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